Cheguei em Kaunas com a minha ex namorada Cristina vindo de Varsóvia (Polônia) pela viação de ônibus Simple Express. Nós compramos esta passagem online com certa antecedência e tivemos um desconto bom, pagamos 74 Zloty (+- R$ 50) em cada ticket. Foi uma viagem tranqüila apesar da estrada estar coberta de neve (Fomos no pior do inverno, no início de fevereiro).  Saímos de Varsóvia as 23:00 hrs e chegamos a Kaunas as 6:15 hrs da manhã no dia seguinte.

Como Kaunas é uma cidade no interior da Lituânia, muitas coisas demoram a abrir, inclusive na própria rodoviária. Tivemos que esperar até as 8 da manhã (Com frio, cansaço e fome) para que o centro de informação ao turista abrisse. Felizmente o atendente arranhava no inglês e nos explicou como chegar ao nosso Hostel. Ele me deu um mapa e me orientou certinho. O problema é que não parava de nevar a dias e estávamos com malas pequenas de rodas. A mala agarrava no chão, e aquele frio estava tenso (-19ºC quando chegamos). A Cristina estava um pouco mal-humorada devido a todos os contratempos, e eu tentava distraí-la para poder pensar em outra coisa.

Onde a seta aponta, acredite se quiser, é a rodoviária de Kaunas

Finalmente chegamos ao City Hostel e outra surpresa: O check-in era somente ao meio dia. Como chegamos as 8:30 hrs, tivemos que esperar num banquinho de madeira até o check-in ser feito. A Cris já estava furiosa, mas o que eu poderia fazer? Como o hostel era novo, o dono fez de tudo para nos agradar, inclusive nos deu um café da manhã. Pelo menos isso rs

Quarto em que ficamos no City Hostel

Decidimos dar uma volta rápida pelo centro financeiro da cidade, mesmo com a temperatura já um pouco mais quente do que quando chegamos (-15ºC). A minha tolerância ao frio é muito grande, consigo andar de boa embora pareça que meu nariz vai cair. A Cris já não tem essa tolerância, ela estava passando mal com ele, o que é totalmente compreensivo, afinal estava -15ºC. Então tirávamos fotos do centro e em seguida entrávamos em qualquer loja para fugir do frio, com o pretexto de comprarmos algo rs.

Em frente a Igreja Kauno Šv. arkangelo Mykolo

Depois de dar uma volta rápida pelo centro e de ter que esperar este tempo todo até dar a entrada no Hostel, nós fomos a um mercado e compramos algumas besteiras para comer no hostel. Quando voltamos ao hostel ainda tivemos que esperar meia hora pela limpeza do nosso quarto, pois haviam alguns torcedores de um time de futebol da Ucrânia que ocupou todos os quartos do hostel. Finalmente feito o check-in, a Cris estava cansada e não quis sair de novo, como ficaríamos somente uma noite na cidade, então eu decidi dormir meia hora e saí sozinho para dar umas voltas pela cidade.

Agora nesta volta a tarde, preferi ir primeiro ao centro histórico, e se desse tempo, em outros lugares. Como em Kaunas é tudo pequeno, fiz tudo a pé e ainda sobrou muito tempo.

Já no caminho do centro histórico eu me surpreendi com algumas construções. Tudo muito bonito, parecia até de brinquedo.

Principal rua do centro histórico, Vilniaus St.

Logo no caminho também vi algumas construções interessantes, como a Kaunas Cathedral Basílica, uma basílica toda feita de tijolinhos. Não era tão bonita, mas me chamou atenção. Continuei andando e vi no mapa que havia uma praça grande e resolvi ir para lá. A praça em questão se chama Kauno Rotušė. De acordo com o mapa, esta praça possui o mesmo nome da Igreja que possui no local. Ela data de 1542. É bem interessante por se tratar que em todos os sábados há uma festa bem parecida com as nossas quermesses, com comida e bebida típica. Infelizmente não fui durante o fim de semana, mas só a praça com as barracas já valeram a pena.

Town Hall, ou em lituano, Kauno Rotušė

Barracas na Kauno Rotušė

O que achei interessante é que todos esses países "frios", mantém a decoração de natal por um bom tempo, afinal o frio continua e os enfeites natalinos se mantém atraentes.

Saí da praça e fui em direção ao Castelo de Kaunas. Pelo o que li na descrição do mapa, foi o primeiro castelo construído no país, e sua localização é estratégica, está nas confluências dos rios Neris e Nemunas, que serviam de rota de fuga na época das Cruzadas da Igreja Católica. Sua inscrição data de 1361.

Castelo de Kaunas. No verão este branco vira verde

Saindo dali, fui em direção ao Rio Nemunas, pois geralmente perto de rios há algo interessante de se ver. E tinha. Primeiro me chamou a atenção a beira do rio uma Igreja de Virgem Maria que em lituano se chama Vytauto Didziojo Svc. Mergeles Marijos emimo i dangu baznycia (Tenho certeza que você não leu o nome todo rs). Beirando esta igreja e a avenida principal está o rio Nemunas, totalmente congelado. Uma cena única que jamais imaginaria ver. Vi um córrego congelado uma vez em Białystok-Polônia, mas nada que se compare com as dimensões deste rio. Na outra margem do Rio, passa a Via Báltica, uma rodovia que interliga todos os países bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia), obviamente, pelo Mar Báltico.

Vytauto Didziojo Svc. Mergeles Marijos emimo i dangu baznycia

A outra margem do Rio Nemunas, por onde passa a Via Báltica

O Rio Nemunas congelado visto pela ponte Karaliaus Mindaugo

Saí dali e resolvi visitar o outro extremo da cidade,  então decidi pegar um Trolley Bus (São ônibus normais mas sem motor, a energia deles é ligada através de uma antena nos fios de energia ao longo das ruas, muito parecido com os carrinhos bate-bate dos parquinhos). Mas fiquei com medo, pois são muito velhos, cada um de uma cor e sem muita informação para onde estão indo.

Trolley Buses de Kaunas

Decidi então ir a pé mesmo, pois assim teria oportunidade de ver mais coisas. Cheguei ao Museu Nacional de Artes M. K. Čiurlionis, mas pela hora já estava fechado. Entrei na Vienybés A., que é uma rua de pedestres ao lado do museu e subi uma colina. Sabia que indo para lá iria encontrar várias residências dos lituanos, numa área não turística. Adoro isso, pois só assim sabemos de fato como vivem os nativos.

Começando a subir a Vienybés A.

Na parte de cima da Vienybés A.

Quando finalmente cheguei na parte residencial, fiquei encantado com as casas. Elas tem todo um charme de casas típicas de inverno. Não sei se no verão teriam este charme, mas gostei do que vi. Kaunas de certo ponto, é bem parecido com o Rio de Janeiro, onde você consegue ver mansões ao lado de barracos. A desigualdade social lá eu ainda achei maior do que no Brasil. A moeda é desvalorizada, os preços são altos e os serviços são muito aquém das taxas que são pagas ao Governo. Mas enfim, voltando ao texto, logo após essa visita a um bairro residencial decidi voltar ao Hostel porque além de estar escurecendo, a Cristina também deveria estar P&%$# da vida comigo porque saí e deixei ela dormindo rs

Casas típicas de um bairro residencial de Kaunas

Outra parte de um dos bairros de Kaunas

Chegando ao Hostel, a Cris havia me falado que tinha feito coisas de mulher a tarde, como pintar a unha, escovar o cabelo e essas coisas. Então tomei um banho, esperei o choque térmico passar um pouco e perguntamos ao dono do Hostel algum lugar não muito longe e bacana para comer. E ele nos indicou um hotel-restaurante quase em frente ao Hostel. Nós demos uma volta antes para a Cris poder conhecer o centro histórico a noite e caminhamos a beira do Rio Neris. Foi bem legal. Após isso fomos ao tal restaurante.

O restaurante se chama Bajorų kiemas e logo que entramos nele percebemos que éramos os únicos turistas no local. O restaurante era bem chique, as atendentes vestindo roupas típicas e o povo assistindo jogo do Žalgiris Kaunas (Principal time de basquete da Lituânia. O primeiro esporte no país é o basquete).

Dentro do restaurante Bajorų kiemas

A Cris tem gastrite, então ela tentou pedir algo que não atacasse nela. Foi em vão. A comida da Lituânia é extremamente gordurosa e tudo é frito. Ela pediu uma massa, e acreditem, veio frita. Como ela tem gastrite, não comeu nada (Aí sobrou pra mim rs). Eu pedi para a atendente um prato típico lituano desde que não contivesse carne. Ela me trouxe de entrada uma porção de pães com queijo salpicado por cima e de prato principal uma porção de arroz com salada mediterrânea e cogumelos (Tudo frito, tanto a entrada quanto o prato principal), acompanhado da cerveja Švyturys, a mais vendida da Lituânia. Não pedi sobremesa por medo de vir algo frito também. No final das contas, a conta saiu até barata: 46 Litas (+- R$ 38) para os dois.

Cerveja Švyturys, a mais vendida da Lituânia

Assim que saímos do restaurante, a Cris decidiu ir a um mercado quase em frente ao hostel para poder comer algo. Feito isso, ela lanchou dentro do hostel e fomos dormir. Afinal no dia seguinte cedo, teríamos que encarar o frio da manhã para podermos pegar um ônibus para Vilnius no terminal rodoviário de Kaunas.

Acordamos cedo, arrumamos as coisas, tomamos café da manhã e fomos para a rodoviária. Não é muito longe, aproximadamente 20 minutos de caminhada. O problema era a neve que insistia em cair e mala de rodinha e neve no chão não combinam. Levaríamos o dobro do tempo, mas fomos mesmo assim.

Durante o caminho, fomos tirando algumas fotos de alguns locais, que por sinal estavam bem bonitos devido a neve. Como dizem, a neve é muito bonita quando você vê caindo e quando você está a salvo num lugar quente, porque sentir a mesma é bem complicado, ainda mais com temperaturas baixas (A sensação térmica estava em -20ºC).

Eu no parque ao redor do Tremties ir rezistencijos muziejus (Museu da Resistência), indo pra rodoviária

Finalmente chegamos a rodoviária e esperamos ao ar livre por uns 10 minutos... lá é tenso, na área de embarque não é coberto.

Confesso que não esperava muito mais do que vi em Kaunas, afinal qual louco sairia do Brasil e iria pro interior da Lituânia? Até que pelo o que vi, eu gostei. Estava dentro das minhas expectativas. Quero voltar algum dia lá, mas desta vez com muito sol.

Como pode-se observar, no embarque dos ônibus não é coberto

Sensação térmica

• Preços atraentes
• É possível conhecer em um dia

• Muuuito frio
• Transporte e serviços deficientes

Quer ver mais imagens? Acesse o meu Facebook e veja as fotos da Lituânia. Álbum liberado