Para chegar a Edimburgo, eu comprei uma passagem pela companhia aérea Ryanair vinda de Dublin por apenas 8 euros ida e volta. Dublin é praticamente do lado de Edimburgo, mais ou menos a distância e o tempo entre Rio x São Paulo de avião. Cheguei a Edimburgo aproximadamente as 6:30 da manhã. Resultado: Tudo fechado.
Esperei um pouco e peguei um shuttle do aeroporto para o centro da cidade pagando apenas 10£ ida e volta. A volta poderia acontecer na data que eu quisesse desde que apresentasse o mesmo ticket da ida para a volta. Cheguei ao centro de Edimburgo aproximadamente as 7:30 da manha e dei uma olhada rápida pelo centro, afinal a minha entrada no Hostel se daria apenas ao meio dia. Fiquei encantado logo na chegada, pois nunca tinha visto tanta neve na minha vida até então. Ver o centro inteiro de Edimburgo branquinho pela manha foi ótimo, pois poucas pessoas haviam caminhado por ali e, portanto não haviam pegadas, fazendo com que o branco permanecesse por muito tempo.
East Princes Street Gardens
East Princes Street Gardens
East Princes Street Gardens com o Scott Monument ao fundo
Como é extremamente difícil caminhar na neve fofa com uma mala, decidi ir ao hostel (menos de 5 minutos a pé de onde eu estava) para ver se haveria algum lugar para deixar a minha mala e continuar a minha andança. Cheguei ao Hostel St. Christopher's Edinburgh, o melhor Hostel que já estive até hoje. Lá haviam lockers para deixar a mala pagando 3£ por 4 horas. Seria o tempo exato para dar entrada no hostel. Paguei, deixei a mala e perguntei para a atendente onde poderia ir naquela hora da manhã (para quem não sabe na Escócia se fala inglês, com muito sotaque, mas é inglês rs). Ela me indicou alguns pontos próximos de acordo com o meu interesse e me ofereceu para tomar um café da manha grátis. O café da manhã estava incluído, mas somente para o dia seguinte, afinal, oficialmente não tinha feito o check in. Como é um hostel, o café da manhã é bem simples, mas que salvam vidas de morrerem de fome (como eu). Para comer, Waffles com creme de amendoim, geleia, manteiga e pão de forma. Para beber leite, chá e café. Foi ótimo. Já no café da manhã, fiz amizade com um brasileiro do Rio de Janeiro chamado Santiago que estava fazendo um mochilão pela Europa e seu primo Juan, um argentino gente finíssima, os dois haviam chegado há pouco tempo e estavam na mesma situação que eu, aguardando meio dia para fazer o check in. Lá conversamos um pouco e decidimos sair para dar uma volta mesmo com a neve começando a cair mais forte.
Centro não turístico de Edimburgo
Decidimos ir a East Princes Street Gardens, o mesmo local onda havia ido há alguns minutos atrás. Local lindo, muitas fotos e um frio gostoso (-5ºC), e após isso demos uma volta pela parte nova da cidade, com prédios modernos e comercio forte, não voltado para os turistas. O Santiago estava procurando um par de tênis para ele, pois como é muito alto, é difícil achar um numero 48 hahah. Óbvio que ele não achou, mas foi bom para conhecer o comércio e algumas ruas aonde os escoceses vão, e não somente os turistas. Ficamos a manhã inteira nesta área da cidade. Ao meio dia voltamos ao hostel para dar entrada no Hostel. Como estava muito cansado pela viagem, (tinha acordado às 3 da manhã em Dublin) eu decidi tirar um cochilo de +- 1 hora para recuperar as energias rs. Foi bom porque no meu quarto não tinha ninguém até o momento, só eu. Dormi bem, fui tomar um banho e sai procurando algo pra comer na rua (No hostel existe um restaurante, porém para um morto de fome igual a mim, é pouca comida pra muito preço). Soube no próprio Hostel que haveria em poucas horas um Walking Tour sobre os principais pontos do Centro Histórico. Me cadastrei no lá mesmo e precisava encontrá-los no Hostel as 14:30. Neste momento o Santiago e o Juan já não estavam mais no Hostel e estavam andando pela cidade, decidi sair sozinho para procurar comida. Achei um restaurante bom e barato onde achei algo vegetariano bem barato e me fartei.
Logo em seguida voltei ao Hostel para seguir para o Walking Tour.
Este Walking Tour foi bem interessante. O guia era um australiano que já havia morado em Dublin e no Rio de Janeiro. O cara era super simpático e falava muito, confesso que haviam partes de Edimburgo que eram sem graça e ele falava por quase meia hora. Começamos o tour na High Street, a principal rua do centro histórico de Edimburgo. Logo em seguida visitamos um local chamado Mary King' s Close. Lá é um local de moradias subterrâneas que foram construídas para protegerem de eventuais ataques. O local de chama Mary King, pois é o nome da filha do grande defensor Alexandre, O Grande, que se apropriou de várias construções ao redor deste prédio. Há indícios de que o local é palco de várias figuras assombradas desde o século XVII. De acordo com o guia, há uma lenda urbana que diz que os fantasmas que aparecem no interior do prédio são na verdade, pessoas contaminadas por uma praga que foram colocadas em quarentena propositalmente, para que pudessem morrer lá. Ele ainda disse que os corpos dessas pessoas mortas foram usados para construir o muro que cerca a construção. Vai saber...
Mary King' s Close
Logo em seguida seguimos para a St. Giles' Cathedral, ou seja, a Catedral de Santo Egídio ou Alto Kirk de Edimburgo. Esta catedral da Igreja da Escócia dedicada a Santo Egídio, santo padroeiro da cidade. Infelizmente estava fechada.
St Giles' Cathedral
Nesse Walking tour tive a oportunidade de conhecer duas brasileiras, Bárbara que mora em São Paulo e Graziela que mora em Barcelona. Tiramos algumas fotos e ficamos conversando sobre a cidade. Durante o walking tour, passamos por uma rua conhecida como Lawnmarket. Um local cheio de lojinhas pequenas de souvenir, como cachemir, roupas típicas escocesas, bag pipes e outras coisas típicas da Escócia. Muito interessante este local.
Lawnmarket
Em seguida passamos por uma rua onde no século retrasado haviam somente cortiços, e hoje se apresenta com lojas caras e conhecidas, como Tommy Hilfiger, Gucci, Dior entre outras. Esta rua é próxima de um dos cemitérios mais conhecidos da Europa, o Greyfriard Kirk.
Rua onde eram os cortiços
Neste cemitério fiz amizade com uma alemã chamada Helga, que era viciada nos filmes e livros do Harry Potter e já sabia de tudo sobre o que o guia estava falando naquele local, afinal, foi neste cemitério, que a escritora J. K. Rowling se inspirou nos nomes que deram vida aos personagens da trama, nomes estes que estão nas tumbas deste cemitério. Ela pegou o nome de uma tumba, juntou com o sobrenome de outra e daí surgiram os nomes, tais como Hermione Granger, Rony Weasley, Minerva McGonagall, Severo Snape, Lord Voldemort, Draco Malfoy, Sirius Black etc. Confesso que nunca gostei da história do Harry Potter, mas foi bem curioso saber um pouco mais sobre o filme. Exatamente ao lado do cemitério está localizada a Edinburgh University (Universidade de Edimburgo). Este local foi cenário de alguns filmes do Harry Potter, dando a luz para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Infelizmente a visita turística é proibida nesta instituição e a única foto que consegui foi esta abaixo.
Cemitério Greyfriard Kirk
Edinburgh University
Outro fator que me chamou a atenção foi a estátua de um pequeno cachorro tanto dentro do cemitério quanto fora dele, a do cachorro Bobby. Greyfriars Bobby foi um cachorro da raça Skye Terrier, que ficou conhecido em Edimburgo, Escócia, no século XIX por ter passado 14 anos guardando o túmulo de seu dono, até sua própria morte em 14 de Janeiro de 1872. Uma história muito bonita e triste que mostra a fé, a dedicação e o amor de um animal para com seu dono.
O famoso cachorro Greyfriars Bobby
Após esse tour, fizemos uma parada para um lanche na GrassMarket e tive a oportunidade de tomar um refrigerante típico do local, chamado “Irnbru”. O sabor é horroroso, tem gosto de refrigerante de chiclete. Valeu pela experiência (e pelo preço, somente 0,49£).
Refrigerante típico Irnbru
Em seguida andamos um pouco mais pela cidade mas nada de tão interessante. Após isso, o tour acabou, dei uma “gorjeta” de 5£ para o guia (O tour é grátis, mas é de bom tom deixar uma grana para o guia, afinal ele não recebe salário para fazer isto) e voltei para o Hostel. À noite não saí, pois estava começando a ficar muito gripado e como ainda teriam alguns dias pela frente, fiquei no Hostel. Mas valeu a pena, pois o hostel possui um dos pubs mais bem conceituados de Edimburgo, o Belushi’s, com várias atrações e coisas para fazer.
Belushi's Bar, foto tirada com o celular
No dia seguinte acordei cedo e para a minha surpresa o quarto já estava cheio de gente. (Nem acordei com o barulho deles, afinal estava muito cansado do dia anterior). Quando acordei conheci uma australiana com cara de indonésia, chamada Dorothy. Ela havia chegado na noite em que não ouvi ninguém chegando. Desci para tomar café e ela me acompanhou para o mesmo. Após isso, decidimos caminhar pela cidade sem compromisso.
Andando por Edimburgo
Mais ruas típicas de Edimburgo
Fomos ao Edinburgh Castle (Castelo de Edimburgo), mas não entramos. Além de ser caro, eu moro na Irlanda, o local com mais castelos por quilometro quadrado no mundo. Este castelo é uma antiga fortaleza que é vista em grande parte de Edimburgo a partir da sua posição no topo do Castle Rock (Rochedo do Castelo). Durante o caminho achamos várias gift shops com preços bem salgados e visitamos uma fabrica de cachemir. Muito interessante este local. Soube que próximo dali, havia um local como um labirinto de espelhos, quem foi disse que é imperdível, mas não fui, pois como minhas viagens são sempre low cost e ainda teria mais alguns dias pela frente, decidi economizar.
Edinburgh Castle
A esta altura já estávamos com fome e a Dorothy já sabia que eu sou vegetariano. Ela me disse que foi no dia anterior a uma lanchonete especializada em batata recheada e somente para vegetarianos. É claro que fomos lá. Uma batata gigante por um preço bem acessível. Me fartei mais uma vez (gastei na batata + refri 6,50£).
Batata recheada com o refri horroroso
Voltamos ao hostel, descansamos um pouco e descobrimos que os ingleses que estavam no quarto já tinham ido embora. No lugar deles chegou um chinês anti-social e mais um australiano (Sim, lá é cheio de australianos) chamado Adam. Gente fina, mas estava sempre vendo filmes no laptop. Mais a noite chegou uma brasileira de Minas Gerais também chamada Bárbara. Quando foram umas 21:00 decidimos sair e fomos a um pub chamado Frankestein. Naquela noite haviam poucas pessoas na rua, pois estava muito frio (aproximadamente -10ºC e nevando muito). O pub estava vazio e descobrimos que lá era um karaokê. A Barbara não quis cantar e a Dorothy cantou Wonderwall, do Oasis. Eu fui pra uma linha do rock antigo e cantei uma musica da banda The Kinks chamada You really Got me. Fui tão bem que ganhei uma pint de prêmio hahaha (Pra eu ter me saído bem cantando, já dá pra imaginar o nível vocal dos outros rs). Foi uma noite bem agradável e ficamos lá até 1:30 da manha mesmo sendo numa 4ª feira.
Barbara, Dorothy e eu no Frankestein
No dia seguinte fui para Glasgow para ficar pelo menos um dia lá. Voltando de Glasgow, fiquei mais um dia em Edimburgo. Foi um dia tranqüilo, mas de muita andança pelo outro lado da cidade. Fui a uma Colina do lado leste do centro da cidade conhecido como Calton Hill. É um local interessante e muito bonito (apesar de estar tudo branco por causa da neve). De lá é possível observar boa parte de Edimburgo e suas belezas arquitetônicas. Lá no alto, existem algumas construções como o Monumento Nacional da Escócia, Monumento de Dugald Stewart, Monumento de Nelson e o Observatório da cidade. Um fato curioso é que o Monumento de Nelson é incompleto. Lembram arcos gregos, mas que está inacabado. Dizem que ele foi construído assim propositalmente mostrando o passado (a parte construída) e um futuro heroísmo do homem da Escócia (a parte inacabada).
Caminho para Calton Hill
Vista para o Monumento de Nelson
Vista para o Observatório
Vista para Edimburgo a partir do Calton Hill
Descendo a Colina tive meu primeiro revés da viagem. Tomei um tombo e caí de bunda, exatamente nesta parte branca de neve da foto acima. Típico de vídeo cassetada. Fiquei com medo da minha câmera cair no chão e quebrar, mas felizmente nada aconteceu rs.
Dorothy e eu depois de uma nevada básica
Depois de um dia inteiro fora, voltei ao Hostel, tomei um banho e desci pro Pub do Hostel (Belushi’s). Eis que soube que naquela noite haveria um Quiz sobre conhecimentos gerais. A prova era em grupo e feito por rodadas. Montamos um grupo formado pelos australianos Dorothy e Aidam, o brasileiro Santiago, o argentino Juan e uma dinamarquesa que eles haviam conhecido, chamada Sol. O grupo estava formado. Disputamos com mais outros 8 grupos e no fim fomos os vice-campeões. Nada mal pra fechar com chave de ouro a minha experiência nesta cidade encantadora e que, se possível, voltarei algum dia.
Eu, Dorothy, Sol, Juan, Santiago e Aidam no Quiz do Belushi's Bar
Este é um vídeo que está no canal do Will no Mundo no Youtube contando histórias sobre Edimburgo e com imagens que fiz dessa linda cidade.
Quer ver mais imagens? Acesse o meu Facebook e veja as fotos da Escócia. Álbum liberado.